segunda-feira, 11 de junho de 2012

Menu-degustação no Guaiaó - estabelecimento fechou... :(

Logo após nossa lua-de-mel, em setembro, fizemos uma primeira visita ao Guaiaó, em Santos, antes mesmo da inauguração oficial. O chef e um dos sócios é primo do HK. Não escrevi nada no blog, porque não seria justo: era uma noite-teste.
Sábado passado, fomos novamente. O restaurante, aberto em outubro passado, é praticamente outro. O salão, pequenininho e acolhedor, continua o mesmo, mas os pratos foram todos reformulados, e o serviço está mais confiante e ágil.

Para abrir o apetite, pedimos uma taça de prosecco (R$ 14) e um bloody maria (R$ 14) bem feito.
O jantar começou com uma cortesia do chef - um simpático baldinho de cobre com um creme com iogurte, grãos e brotinhos, para ser comido com a mini-cenoura. Uma brincadeirinha, para despertar a curiosidade da gente.
Dispensamos o couvert (R$ 9), porque resolvemos ir de menu-degustação.

As entradas foram chegando: 1) carpaccio de melancia ao molho rôti, 2) ostra marinada no tamarindo com sorbet de wasabi, 3) tomate, tomate, tomate (tomate recheado com chèvre e mel, regado em gazpacho e acompanhado de umas plaquinhas de suspiro de manjericão muito delicadas), e, finalmente, 4) vieiras com purê de cará, redução de maracujá e flor de sal.
A estrela das entradas, na nossa opinião, foi o carpaccio - uma ótima forma de começar o menu-degustação. Causa um impacto e tanto! A melancia, que é assada por horas e horas a fio, em baixa temperatura, e, depois, defumada, fica com uma consistência inacreditável - parece carne, de tão tenra, mas ainda conserva um certo frescor da fruta, você morde e sente um croc-croc. Como é que alguém pode ter pensado numa coisa dessas???
A ostra também estava maravilhosa (amo ostra, é verdade), combinando perfeitamente com o docinho do tamarindo e o wasabi, leve, mas ainda ardido. Entrada muito fresca. Os tomates³ foram os menos inventivos, mas estavam gostosos (aliás, vi uma entrada muito parecida no Eñe, no menu de dia dos namorados - tomate recheado is the new black!). E a vieira ficou magnífica com o azedinho do maracujá e flor de sal - por mim, dispensaria o purê, que acaba mascarando os demais ingredientes, quando comemos tudo junto.


De prato principal, recebemos 1) nhoque de batata roxa, com camarão, vieira e medalhão de caju, 2) atum em crosta de gergelim com arroz negro e um molho de beterraba, 3) polvo com risoto de brie e abobrinha, 4) paleta de cordeiro com aligot (aquele feito divo pelo Alex Atala) e vegetais (frescos-frescos de tudo), 5) cupim com purê de alho poró e cogumelos (o menu degustação inclui 4 pratos principais. O quinto foi cortesia do chef!). 
Difícil eleger um favorito dentre tantas estrelas... O nhoque, alarmantemente roxo, estava bom, fantástico camarão, mas permaneço fiel ao Sal. O atum, que foi a escolha do HK na primeira visita... quanta diferença! Nunca imaginei que atum fosse ficar bom com beterraba! Fica!! O polvo estava perfeito, assim como a paleta, que é assada por nada menos do que VINTE E QUATRO horas! Na hora de cortar, ela permanece inteirinha, consistência de carne; mas, na boca, desmancha deliciosamente! O cupim, então... acho que nunca comi um cupim tão gostoso!! Estupefata.




De sobremesa, comemos 1) salada de frutas, 2) caldo de açaí com sorbet de alface e farofinha. Não fosse minha promessa estúpida, teria comido a areia de Santos, feliz da vida (com sorvete de chocolate branco), ou a releitura de Sonho de Valsa do André. Mas não posso me queixar - a salada de frutas, uma coisa normalmente tão chochinha, estava formidável - aplausos para as balinhas que estouram na boca!!!
E o caldo de açaí (olha outra brincadeira - não parece um caldinho de feijão com couve e farofa???) também estava ótimo. Como é possível alface combinar com açaí, né?!
O menu-degustação, a meu ver, deve ser entendido sempre como uma experiência, um passeio a que o chef te leva. Não dá para comparar com um jantar - há de compará-lo com uma espécie de experimento. Da mesma forma que você paga R$ 300 para saltar de paraquedas, você paga R$ [] para vivenciar um menu-degustação. Você não pode considerar que está pagando aquele preço somente por comida.
Dito tudo isto, acho que o preço do Guaiaó é mais-do-que-justo - R$ 180. Claro que, em termos absolutos, é caro... é algo para se fazer de vez em nunca quando. 
O jantar preparado pelo André é feito com extremo esmero e dedicação, paixão evidenciada. Já está soando rasgação de seda, mas não consigo lembrar um jantar tão inesquecível como este em muito, muito tempo, aqui em São Paulo.
E não posso deixar de mencionar o serviço, muito bem treinado e supervisionado pelo outro sócio, também André. A Margot, que atendeu nossa mesa, muito delicada, educada e bem instruída sobre os pratos. Atenciosa, sem ser "intrometida".

(Se você não for de menu-degustação, espere gastar por volta de R$ 75 por pessoa, considerando água, prato principal, sobremesa e 10%. Os pratos principais, com exceção do cordeiro, que custa R$ 75, estão na faixa de R$ 45-55.)

Fotos: Helio Kwon

Voltarei? Sim. Claro que, se o André não fosse parente, as 2h30 para ir-e-voltar pesariam mais... mas, para quem mora no ABC, por exemplo, já vale mais a pena descer do que vir para São Paulo.
Para ir: disposto a comer algo diferente.
Tipo: alta gastronomia.

Serviço de utilidade pública: R. Dom Lara, 65, Santos - tel. (13) 3877-5379

2 comentários:

  1. Gostei do novo visual do blog e fiquei de boca aberta olhando pro post desse menu degustação. Como a gente tá em tempos de vacas magras (anoréxicas pra ser mais exato) por conta do casamento, vamos deixar pra conhecer esse restaurante do Andre mais pra frente. Só espero que ele não entre pra lista Comer e Beber de Santos tão cedo e o menu vire R$300,00 rsrs...
    (sim, eu sei que estou devendo uns posts...)

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    1. Ah, mas a gente pode ir lá sem comer o menu degustação, Mario!! E, sim, é verdade... você está me devendo uns bons 4 posts, no mínimo!!!!

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