sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Como curar seu trauma de peixe de água doce OU Aonde ir para fugir da folia de Carnaval


Nem é porque agora sou uma senhora casada, sabe... bem antes disso, já não tinha mais pique para sair pulando Carnaval. O que sempre mais gostei do Carnaval foi não estudar/ trabalhar por tantos dias seguidos. Hahahaha! Para ter uma idéia, nunca fui pra Salvador, nem pra Minas, nem pro Rio nesta época. Pelo contrário, das vezes que viajei, fui para destinos nada carnavalescos. 2012 foi a vez de Bonito!

Chegamos sábado 18 perto da hora do almoço em CGR, almoçamos no McDonald’s (no comments) e 3h de estrada (em boas condições e uma verdadeira aula prática de geografia) depois, chegamos a Bonito! Fizemos nosso check-in na Pousada Vôo das Garças e saímos para um sorvete.
O centrinho de Bonito é basicamente uma rua de umas 7 quadras, onde se concentram todas as agências de turismo, lojinhas de souvernir, sorveterias e restaurantes da cidade. Não tem como se perder! Hahahaha!

Nosso primeiro jantar foi na Casa do João, que é um dos restaurantes mais badalados de lá (todas as pessoas com quem você conversar vão te indicar este restaurante, é impressionante). O restaurante é aberto e bem gracinha, todo rústico, com uma loja de artesanato ao fundo. O prato mais recomendado é a traíra sem espinha, que vem aberta e empanada, acompanhada de arroz, pirão e saladinha.

Sinceramente, não entendemos bem o porquê de tantas recomendações... Primeiro que o tamanho da porção é risível (o Gordinho Suado até agora não consegue acreditar que aquilo era para 4 pessoas); segundo que o peixe é bom, mas... é isso; terceiro que o pirão tinha gosto de Sazon/ qualquer outro tempero pronto! (essa do pirão é imperdoável, vai)
Pelo menos, o prato veio em inacreditáveis 5 minutos (mentira, não cronometramos, mas veio absurdamente rápido), e a conta veio do tamanho da porção – R$ 25 por pessoa (uma traíra para "4" pessoas + 2 cervejas estupidamente geladas).
Saímos de lá direto para o Pastel Bonito, atrás de um pastel de carne de jacaré!! Super recomendo! O sabor da carne está entre frango e peixe, mas com uma consistência mais firme, que lembra camarão. Bem bom! O pastel (R$ 9,50) não é grande como os das feiras paulistanas, mas é bem recheado e vale-quanto-pesa.

No dia seguinte, fizemos a Flutuação no Rio Sucuri (R$ 129 na alta temporada) às 8h30. Seja no Rio da Prata, seja no Sucuri, este é um dos passeios imperdíveis da cidade – de longe, o nosso favorito! O passeio é extremamente organizado, as águas são inacreditavelmente límpidas e azuladas, há peixinhos (e peixões) nadando pertinho de você, os guias são simpáticos e a estrutura do lugar é bárbara! Vestiários com duchas, piscina, redes para descanso, porta-volumes, pomar à disposição... tão longe da minha idéia inicial de ecoperrengue ecoturismo!
Depois do passeio (aliás, vimos um tamanduá bandeira no caminho!!!), fomos levados de volta à sede da fazenda, onde descansamos antes do almoço estilo-fazenda (R$ 22) servido no local. O almoço estava bom, mas nada demais – o gostoso foi tirar uma sonequinha depois, o que seria impossível num restaurante. Hahahaha!

Saímos de lá perto das 15h e fomos para o Passeio de Bote no Rio Formoso (R$ 77). Este, ao contrário da Flutuação, é um dos mais “perdíveis” da cidade. Não tem estrutura nenhuma, nunca se ouviu falar em “organização” e nem é tão legal ou bonito assim. Além disso, pagamos pelo passeio “com emoção”, mas recebemos o pacote “sem emoção” no lugar – não fosse o fato de termos que remar (já que as chinesas e nosso guia Salim Malik – o irmão do Jai Ho Jamal Malik, eram super folgados e só queriam ser formosos), teríamos dormido de tédio durante o passeio!
(justiça seja feita – foram HK e G.S. que remaram a maior parte do caminho, mas minha irmã e eu até ajudamos um pouquinho!)

O jantar do dia foi no Cantinho do Peixe, onde comemos um fantástico pintado grelhado com molho de alcaparras, pirão e arroz campeão (o “campeão” foi por conta da minha irmã, que elegeu-o o melhor da viagem! Hahahaha!). G.S. e minha irmã dividiram um pintado grelhado com um molho pra-lá-de-bizarro (laranja, milho e sei-lá-mais-o-que) que não estava ruim, mas... vem na minha!
A única tristeza foi esperar 2h11 (mentira, não cronometramos, mas demorou absurdamente) pelos pratos... sem couvert, porque fomos esquecidos (2x). A fome era tanta que nem deu tempo de tirar foto...
A conta saiu R$ 33,33 por pessoa, por pratos bem servidos, cerveja estupidamente gelada e refris.

Na segunda 20, HK e eu acordamos cedo novamente para fazer rapel no Abismo Anhumas (R$ 465), enquanto G.S. e a minha irmã foram para a Gruta do Lago Azul (R$ 36), cartão postal da cidade.
Eu não sei o que te dizer sobre o Abismo... não sei se recomendo ou não... é lindo e diferente de tudo que já vi na vida... todos aqueles estalactites e estalagmites formados e se formando há milhares e milhares de anos... mas tem alguma coisa de errado num passeio que você passa mais tempo querendo sair dele do que estar nele, não??
O rapel (que é a descida propriamente dita) é animal e superfácil! Muito legal observar de pertinho as formações calcárias. Depois de descer, esperamos um tempão até chegar nossa hora de fazer a flutuação, com macacão completo de neoprene. Uns 20 a 30 minutos, passando pertinho dos estalagmites e observando o infinito azul (chega a ter 80m de profundidade!). LINDO! Depois de colocarmos roupas sequinhas (apesar da sensação de frio e umidade permanecer no corpo), esperamos mais um tempãozão até chegar nossa hora de fazer um tour pela caverna by bote. Por mais uns 20 minutos, “incrível a natureza” – é tudo que você pensa(ria). Depois, você espera mais um tempãozaço até chegar a sua hora de subir a corda. A subida merece um parágrafo só para ela:

Imagina subir amarrado pela cintura numa corda tendo que fazer movimentos de minhoca por SETENTA E DOIS metros!
O mais legal do Abismo Anhumas? A sensação de poder-tudo que você sente depois da subida. Me sentia a própria Mulher Maravilha! Sério!!

A maior fernandica que posso te dar sobre esse passeio é: leve álcool gel. Os banheiros fora e dentro da caverna são químicos e esquece pia para lavar as mãos depois, né! Dá muito nojo – e eu nem sou das mais frescas que conheço. Por mais que você “se programe” para não sentir vontade de fazer xixi, você vai sentir, porque a água é muito fria, e o frio aparentemente diminui a capacidade da sua bexiga de reter líquidos!
A segunda maior é: leve muita comida. Tomei um café da manhã reforçado e estava pronta para aguentar até as 13h30, 14h (previsão para o passeio terminar), mas o grupo de chineses que estava na minha frente demorou taaaaaaaaaaanto para subir que só saímos umas 17h de lá!! Já estava naquele ponto em que você não sente mais fome, sabe... porque o ácido gástrico digeriu seu estômago!!!!
A terceira é: leve um casaquinho quente. Lá embaixo, especialmente depois da flutuação/ mergulho, você sente bastante frio e uma sensação constante de umidade nos ossos.

Saímos de lá correndo para nosso último passeio na cidade, o Bóia-cross no Rio Formoso (R$ 48), que fica dentro do Hotel Cabanas (que é dos bacanudos da cidade e tem até siriemas e emas passeando pelos jardins!!), em outro ponto bem diferente do passeio de bote.
(Antes de continuar, um pequeno adendo: o passeio estava marcado para começar às 15h30 e, a princípio, como não aparecemos, perderíamos; mas o pessoal da Bonitour foi super proativo e responsável, conversou com o pessoal do bóia-cross e conseguiu atrasar nosso passeio em 2h!)
O passeio valeu a corrida (e o quase-capote que demos com o G.S. dirigindo nosso Corsinha turbinado)! A descida curtinha de 1,2km em correnteza leve e algumas cachoeirinhas é muito gostosa e rende boas risadas! Os guias são simpaticíssimos, muito solícitos, e a organização está de parabéns!

O jantar do dia foi no Sale & Pepe (na verdade, queríamos ir ao Castellabate, mas tinha um idiota com péssimo gosto musical na praça da frente, com o volume do som do carro nas alturas, estragando o apetite de quem passou o dia sem comer).
O Sale & Pepe foi dica do Josivan, da Bonitour. Ele disse “eles servem comida japonesa e chinesa, mas o que eu recomendo mesmo é a piraputanga” (que é um peixe bem típico da região, que você vê em todos os passeios, praticamente). Achamos a descrição e a proposta bizarras, tipo frango-com-tudo-dentro, sabe, mas fomos em frente.
Já calejados por esperar no Cantinho do Peixe, pedimos uma porção de empanado de jacaré com molho tártaro (R$ 31), de entrada. Uma delícia!!!! 
Depois, assistimos os pratos saindo da cozinha, comandada pela própria dona do lugar... precisava ver a cara do yakissoba! E o teppan yaki então... AFE!!!!! Água na boca!!!  Depois de um tempão, chegou nossa piraputanga recheada de farofa de banana, com arroz e pirão – este, com um toque meio yakimeshi! Pirão campeão! Tudo, uma delícia... farofa úmida, peixe sequinho com pele-crostinha, para quem curte, arroz soltinho... muito gostoso!!
A conta saiu R$ 35 por pessoa, com cerveja estupidamente gelada.

E eu, que era traumatizada com peixe de água doce, porque achava que todos tinham gosto de barro e eram mais gordurosos, total quebrei a cara. Achei todos que comi supergostosos, sequinhos e firmes!!

Fernandicas e comenthelios:
1) Normalmente, nunca fecho minhas viagens com agência, procuro tudo separadamente, mas, em Bonito, isso não vale a pena. Os passeios TODOS são fechados por meio delas, e os hotéis também fazem preços melhores. Recomendo fortemente a Bonitour, porque sempre responderam aos e-mails com agilidade e foram bastante proativos após o atraso no Abismo. Também recomendo que não deixe para ver tudo quando chegar na cidade, porque vários passeios têm limite máximo de visitação por dia.
2) Não economize procurando um carro ou uma pousada sem ar condicionado. Lá, ar condicionado não é luxo!
3) O melhor sorvete que tomamos foi do Delícias do Cerrado, que tem vários picolés (R$ 2,50) com sabores regionais, além do sorvete de massa. Não gostei muito do de guavira, mas o de pequi estava muito bom.
4) A pousada é uma barbada! O quarto é simples e fica a umas 7 quadras do centrinho, mas tem ar condicionado, café da manhã decente e preço justo!
5) Em Bonito, TEM que ter carro! As atrações são todas relativamente afastadas da cidade e, se você está sem carro, ou tem que ficar à mercê das vans das agências (que podem não seguir o mesmo horário da sua vontade), ou tem que pegar táxi, que é mais exorbitante que em São Paulo – ida-e-volta para um dos passeios custaria em torno de R$ 200!!!!

Fotos: Helio Kwon, Fernanda I. e Patrícia I.

Serviço de utilidade pública: não vou dar o endereço de nada, não, porque é tudo muito fácil de achar na cidade!

3 comentários:

  1. Adorei!!!!!!!!!!!
    Agora entendi o tamanho da porção da Casa do joão. Nós pedimos vários pratos diferentes e acho que por isso deu pra todo mundo, estávamos em 8. Mas também, depois de tantas tequilas lá, ia dar mesmo. rsrs
    A conta pra gente tb foi muito barata lá.

    Também tomei sorvete na Delícias do Cerrado. Tomei o sorvete assado. hummmm, vem com uma verdadeira salada de frutas em baixo! Bem gostoso.

    Beijoss

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  2. Sensacional!!
    E sabe do que eu não me esqueço do Abismo Anhumas?!? Quando chegamos em terra firme, o instrutorzinho disse: "parabéns! Você ganhou uma descida para o abismo,, mas válido só para hoje!!" hahaha! Eu quis esganá-lo...
    Lugar inacreditável!! =)
    Bjs

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