terça-feira, 21 de outubro de 2014

Sálvia

Apesar de só ter ido uma vez ao Marcelino, fiquei triste quando soube que fechou. Sempre (com algumas exceções) fico triste com notícias de empreendimentos que fecharam... malemá, é o sonho de alguém sendo deixado para trás... Mas, às vezes, aquele velho “quando Deus fecha uma porta, abre uma janela” cai como uma luva nessas situações (e em muitas outras, também, devo dizer).
Um exemplo é o Itigo, que era bom, mas infinitamente menos bom que o Sanpo; outro exemplo é o Sálvia – Cozinha de Afeto, que também achei muito mais justo que o Marcelino!

Fui sábado, na hora do almoço (está fechado para jantar e aos domingos). Mais cedo, eles servem café da manhã, à la carte. A casa é pequenininha e bem agradável, decoração delicada, almofadinhas e mesas ao ar livre (são dog friendly). O atendimento é educado e solícito. Tudo saudável mas sem afetação (tem glúten e tem lactose!).

Pedi o pot pie de frango com saladinha (R$ 21 + 8) e meus acompanhantes pediram um risoto (R$ 39), um pot pie de abobrinha com salada e um escondidinho de camarão (R$ 40). O pot pie (uma cumbuca de recheio coberta por um disco de massa) estava supergostoso! A salada estava fresca e vinha com um molho de tangerina docinho e leve para temperar. Rivalizou com o Deliqatê. Já os demais pratos não estavam ruins, mas não marcaram presença...
Risoto de filé mignon
Gostei das sobremesas porque tem cara de “sobremesa de casa”. Bolos simples com cobertura, pavês montados na hora... em tamanho normal ou mini (R$ 6), em copinhos tamanho shot – perfeito para satisfazer o sweet tooth depois do almoço! O de doce de leite estava uma delícia.

4 pratos principais + 3 sobremesas + 3 bebidas + 1 café = R$ 48,40 por pessoa.

A casa é relativamente nova e ainda está passando por ajustes, claramente. O cardápio estava mudando justamente naquele dia. Mas acerta o alvo ao compensar seus probleminhas:
1) os pratos demoraram mais de 30’ para chegar à mesa – o garçom trouxe pão de mandioquinha com pesto da casa, de cortesia, para experimentarmos e acalmarmos nossos estômagos.
2) o escondidinho vinha numa panelinha de uns 12cm de diâmetro. Achei pequeno para o preço e considerando que é o almoço de alguém. Podia vir acompanhado de arroz ou salada. Questionaram justamente isso quando vieram retirar as louças (ou seja, estão repensando a porção).

Ah – e a água é cortesia!! ;)

Voltarei? Sim, para o café da manhã da próxima vez!
Para ir: com poucos amigos (restaurante é pequeno) ou com família.
Tipo: comidinha leve e saudável, feita com carinho e esmero.

Foto: Helio Kwon (a foto do pot pie está no @autoindulgente).

Serviço de utilidade pública: Av. Jacutinga, 96, Moema - tel. 2628-8958

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Paribar


É curioso, mas a minha melhor fernandica no fim de semana em que provo o menu degustação do Maní é o Paribar. Saí de lá completamente encantada, com vontade de voltar mais e mais vezes.

- a localização é fantástica – bem no Centrão de São Paulo, pertinho da linda Biblioteca Mario de Andrade. Eu adoro o Centro e até pensamos em comprar um apê lá quando casamos (felizmente desistimos porque não seria tão prático quanto morar no Paraíso). Dá para chegar de metrô, de bike, de carro... como bem quiser;

- o ambiente não poderia ser mais charmoso – toldo verde e branco, mesinhas do lado de fora com cadeiras de vime, salão bem cuidado e retrozinho, cheio de fotos do Paribar original na parede;
- aos domingos, dia inteiro (10-17h), serve brunch (minha refeição favorita) – 12 tipos de ovos, bacon feito lá mesmo, english muffin feito lá mesmo, tapiocas, panquecas americanas e sucos naturais;
- aos domingos, das 11-14h, até o próximo 04 (não sei se vai além), está com o projeto Street Jazz – bandinha ao vivo por R$ 10 por pessoa de couvert artístico. Neste domingo, era a simpaticíssima banda Yabba Dabba Jazz (dá uma olhada no vídeo que postei no Instagram para ter um gostinho – está no @fernanda.i);
- o atendimento é uma gracinha, super atencioso.

Dividimos ovos mexidos com bacon e salsicha sobre torradas + combo #1 (2 panquecas americanas com mel, geléia e salada de frutas) + 2 sucos. Os ovos estavam bem gostosos e gostei bastante do bacon artesanal. As panquecas estavam cruas no meio... tem que fazer em fogo mais baixo... A conta ficou R$ 60,19 + R$ 20 de couvert. Não exatamente barato, mas saí satisfeita.

Voltarei? Sim!!
Para ir: Aos domingos, com poucas pessoas ou com reserva (havia várias mesas grandes reservadas).
Tipo: Brunch (mas, na verdade, abre 7 dias por semana, no almoço e jantar).

Foto: @autoindulgente (tem foto dos ovos com bacon lá no Insta)

Serviço de utilidade pública: Praça Dom José Gaspar, 42, República - tel. 3237-0771

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Menu-degustação no Maní

Fizemos a reserva no Maní há mais de 1 mês. Dá para acreditar numa coisa dessas? Era para ser meu presente de aniversário, que já passou há mais de 15 dias. E eles reservam 100% do salão. É muito sucesso!
(inacreditavelmente, o Dom tinha reserva para mais cedo)

Fomos de menu degustação normal (vs. harmonizado com vinho). Custa R$ 380 por pessoa. Não me lembro do preço do com vinho. Há também um outro menu fechado especial, por R$ 185, com (bem) menos tempos. No cardápio, os pratos estão com um preço próximo dos do Loi (R$ 70-90) e o rosbife que comi da outra vez ainda está lá (felizmente) (acabei de descobrir que nem escrevi sobre essa primeira vez).

Tudo começou com um couvert composto de ostra envolta em lâmina de pepino e pérolas de lichia, conserva de manjubinha com raspadinha de uva e trufa de jabuticaba e cachaça. Os três BEM interessantes. A “trufa” (foto no insta) era uma casquinha ultrafina de chocolate com somente líquido dentro – delicadíssimo.

Em seguida, 3 “bombons” – de guacamole (não tinha gosto de nada, não gostei), de gorgonzola (muito bom) e de foie gras, com vinho tinto (meu favorito... superbom... todos sabores se complementando mas perceptíveis individualmente, também).

A segunda entrada foi o ceviche de caju com raspadinha de caju (somente disponível no menu degustação). Interessante. A consistência do caju lembra peixe mesmo. Mas, sinceramente, não mudou minha vida.

Depois, veio o lagostim no vapor de cachaça com sopa fria de jabuticaba. Não entendemos direito este prato. Estava gostoso, mas não me pareceu pensado – pareciam várias coisas gostosas juntas simplesmente, não que elas harmonizassem entre si. Não achei que o lagostim agregou à jabuticaba, nem vice-versa.

Toda nossa má impressão foi embora no prato seguinte – tutano dentro de palmito (imitando o osso) com folhinhas de espinafre e açaí. Tudo lindo, tudo gostoso, tudo fazendo sentido.

Depois, veio o famoso nhoque de mandioquinha e araruta com dashi de tucupi – que merece toda a fama que tem. É intrigante, instigante e agradável ao mesmo tempo. Valeu a pena.

O próximo prato foi o penne de palmito com coco e castanha do Pará ralados. Parece sem graça – e é. É gostoso, mas, não fosse a foto que tirei, nem lembraria dele.

O sétimo foi a coca (como espanhóis chamam um cicchetti de pão, tomate e peixe) – a do Maní é com ratatouille e carapau. Bom e exclusivo do menu degustação, mas não descobri a América Espanha com esse prato.

O oitavo foi o prato que achei mais gostoso – um polvo braseado absurdamente macio e bem cozido, com purê de batata roxíssima e chips finíssimos e crocantíssimos. Maravilhoso... podia comer um polvo inteiro!!

Em seguida, veio a moqueca, que mudou bastante da primeira vez que fomos (o HK havia pedido este prato) – agora ele vem com uma terrine de coco na base, peixe não ensopado e o caldo com leite de coco e azeite de dendê a parte. Muito gostoso!! Versão chic da nossa moqueca, mas uma mais tradicional não fica mal perto desta, não.

O décimo prato foi o que mais gostei no sentido de ser uma experiência interessante – esferas de feijoada! Meu primeiro prato de cozinha molecular! O sabor estava muito bom, mas o grande lance deste prato foi, obviamente, a sua apresentação.

E o último tempo foi o arroz de coelho, que estava com uma consistência absurdamente macia. Muito gostoso.


De sobremesa, a panacotta de coco com sorvete de abacaxi valeu a pena! Refrescante, cheio de texturas diferentes, bem gostoso. As bolinhas lembraram-me um sorvete bizarro que tomamos em Búzios, feito com gelo seco. 

Já o Rei Alberto (não, não sei porque chama assim – e olha que perguntei!) – merengue com doces de frutas em texturas diferentes – estava bom mas achei meio enjoativo.


Foram 11 pratos + couvert + 2 sobremesas. Com duas águas e serviço, a conta saiu a pequena fortuna de R$ 844,80 o casal.
A degustação do Maní não foi, imagino eu, pensada para ser um apanhado dos melhores pratos da casa (mesmo porque inclui vários pratos que nem estão disponíveis no cardápio), mas sim para ser a visão dos chefs sobre o que é a cozinha do restaurante.
Eu sou uma defensora de menu degustação porque acredito que o todo é maior que a soma das partes. No Kan, isso foi verdade. No Guaiaó, isso foi verdade. Saí dessas duas casas com um sentimento de WOW!, sem conseguir parar de sorrir. Não foi o caso do Maní – sinceramente saí com uma sensação ruim. Certamente preferia ter ido 4 vezes ao mesmo restaurante e ter pedido o rosbife ou a bochecha ou o polvo e, de sobremesa, o bom e velho “O Ovo”.

Voltarei? Sim, mas pedindo do cardápio.
Para ir: com reserva (bem) antecipada.
Tipo: alta gastronomia, com toque espanhol e ingredientes brasileiros.

Fotos: @autoindulgente

Serviço de utilidade pública: Rua Joaquim Antunes, 210, Pinheiros - tel. 3085-4148